Blog: Investimentos na construção civil - uma das principais vias para afastar a crise


Havia muita expectativa quanto ao desempenho do setor da construção civil neste ano, após o crescimento recorde de 11,6 %, alcançado em 2010. E, chegamos ao final dele com a convicção de que o índice de 4,8 % de crescimento acabou sendo extremamente positivo. Este resultado foi fundamental para ajudar a economia brasileira e também ratificar para os governantes a importância de investimentos nesta cadeia produtiva. O segmento manteve-se com um dos grandes impulsionadores da economia brasileira, pelo poder de encadeamento e pelo uso intensivo de insumos produzidos pelo mercado interno. Outros segmentos, principalmente da indústria de transformação, sentiram os reflexos da crise européia e praticamente não cresceram. 

Na construção, um bom referencial desta evolução foi dada nesta semana pelo presidente do SINDUSCON-PR, Normando Baú, ao relatar que nos últimos 10 anos o PIB do setor no  Brasil cresceu 278%, passando de R$ 59,5 bilhões para R$ 165 bilhões. Não é a toa que o setor está na pauta das grandes discussões nacionais, capitaneado pela CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção. 


Porém, um aspecto que precisamos melhorar é a previsão de metas e indicadores empresariais. Várias organizações tiveram suas metas "turbinadas" em 2011 e revisaram os  seus números, pois, acreditavam que poderiam ter a mesma performance e não seriam afetadas por questões conjunturais. 

Ainda, alguns desafios encontrados para o setor são a falta de mão-de-obra qualificada, os prazos dilatados de fornecimento de insumos e de atendimento pelas empresas de locação de máquinas e equipamentos.

De qualquer forma esta performance abriu espaço para que empresas se preparassem e investissem nos seus negócios para melhor aproveitar esta fase que agora se consolida. Resta esperar que o Governo Federal, grande apoiador e financiador, não se deixe afetar pelas estratégias de redução de investimentos que estão sendo adotadas nos países desenvolvidos e continue apostando no setor, seja pelo aporte direto de recursos ou pela melhoria do ambiente competitivo.

Esta visão otimista decorre do fato que entre 2011 e 2014, o Governo Federal destinou pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) R$ 955 bilhões, em investimentos na melhoria da infraestrutura (saneamento básico e rodovias), em eventos esportivos e na segunda fase do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV2).

A CBIC informou esta semana que o volume anual de crédito imobiliário passou de R$ 6 bilhões em 2004 para algo em torno de R$ 110 bilhões em 2011. Os investimentos com recursos do FGTS devem chegar a aproximadamente R$ 35 bilhões em operações de financiamento habitacional e mais R$ 4 bilhões em ações de mobilidade urbana e saneamento. E, os financiamentos imobiliários realizados com recursos da poupança somaram R$ 64,9 bilhões até outubro, o que representa um aumento de 44,7% frente ao patamar de igual período do ano passado.

A presidente da ABMI-Associação Brasileira do Mercado Imobiliário, Virgínia Dualibe, também comentou na semana passada que o setor da construção recebeu elogios da presidente Dilma Russef, com base em um balanço da segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida.  Deverão ser contratadas 2 milhões de moradias até 2014, com investimentos de mais de R$125 bilhões. E, as contratações neste ano chegaram a 354 mil moradias.  

Outro tema amplamente debatido neste ano foi sobre a existência do risco de uma "bolha imobiliária". Nossa função sempre foi de alertar para o mercado que nunca houveram indícios de que isto poderia ocorrer. Alguns motivos:
- não há comprometimento desmedido da renda pela população;
- existem subsídios garantidos para boa parte das unidades comercializadas (econômicos);
- os bancos continuam extremamente exigentes ao avaliarem o perfil dos compradores;
observa-se que perfil do consumidor é voltado para a própria moradia e não para investimento (em geral);
a nossa legislação evoluiu e é adequada, protegendo o consumidor;
- a inadimplência está em queda;
- o crédito imobiliário ainda chega a irrisórios 5,1 % do PIB; e
- o déficit habitacional ainda é gigantesco.

Aprendemos muito em 2011. E, temos recursos garantidos para trabalhar em 2012. Agora, é preparar-se para um mercado mais exigente, qualificado, equilibrado e consolidado!