Possibilidade de Falência da Chinesa Evergrand Deixa Mercado em Alerta

A falta de crédito imobiliário na China advinda da implementação de novas diretrizes por parte do governo que passou a atuar fortemente contra os monopólios e contra a especulação imobiliária, gerou um provável calote da Evergrande Real Estate (Top 500 Fortune). A empresa que vinha cambaleando nos últimos meses agora está tendo que oferecer propriedades com grande desconto, mas, a propaganda negativa da marca no país tem afastado os potenciais compradores. 

A Evergrande é a segunda maior desenvolvedora imobiliária da China e tem uma dívida da ordem de US$300 bilhões (R$1,5 trilhão), cerca de 2% do PIB, aumentando muito a tensão no mercado financeiro global. As ações da empresa que vinham em declínio e caíram ainda mais hoje (21/set), chegando a 2 dólares de HK. Ano passado chegou a 17 dólares de HK.

Existem várias dúvidas quanto ao impacto de uma possível falência, e, muitos especialistas crêem em uma reedição da crise do subprime de 2008 nos EUA, conforme as decisões a serem tomadas pelo partido comunista chinês. 

Foto: Divulgação

Aproximadamente 1,5 milhão de chineses possuem financiamentos de imóveis que ainda não saíram do papel. Existem manifestações diárias em frente a sede da empresa, tanto por investidores quanto por proprietários de imóveis A empresa é responsável por cerca de 1,3 mil projetos imobiliários em 280 cidades e já atendeu mais de 12 milhões de chineses. A Evergrande solicitou a suspensão da negociação de seus títulos corporativos onshore na última quinta-feira (16) após rebaixamento da sua classificação pela China Chengxin International (CCXI).
 
Para se ter uma ideia dos impactos, nesta semana, o risco de "calote" da Evergrande diminuiu em 9% o preço do minério de ferro, que ficou abaixo de US$ 100 (R$ 510). O Brasil é líder mundial na produção deste mineral. Com a baixa no mercado de valores na última segunda-feira (20), ações de empresas brasileiras como a Vale, a BHP, CSN, Gerdau e Usiminas, também caíram entre 2 e 3% no IBOVESPA.

De um lado, existe um risco de um jogo de dominós, com turbulência principalmente para os países emergentes no caso de quebra (menos entrada de dólares, baixa nos preços das commodities, inflação, juros, etc). De outro, a possibilidade do governo chinês intervir e dar um recado perigoso ao mercado. É melhor deixar quebrar? Será que não tem um risco de gerar um bolha? Podemos ter uma grande crise? 

Esta quinta-feira (23/set) teremos uma luz. Pequena parte da dívida (US$ 80 milhões de juros) deverá ser paga agora. Há grandes possibilidades de inadimplência, tanto que vários investidores de risco já fugiram. Vamos acompanhar os próximos capítulos nestes dias que virão.

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