Capacitação de mão de obra: ferramenta essencial para o desenvolvimento da indústria


Grande parte do conhecimento dos trabalhadores da construção civil vem da prática do trabalho no canteiro de obras. Por isso, o investimento na especialização e na formação da escolaridade do trabalhador são fundamentais para o futuro da indústria. Contudo, levantamento feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostrou que 89% das construtoras têm dificuldade de contratação de mão de obra qualificada.

“Existe vaga, mas não existe profissional especializado e esse é um dos nossos grandes desafios”, apontou Fernando Guedes, presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT/CBIC), durante o painel “Capacitação de mão de obra – desafios e soluções”, realizado nesta quarta-feira (22), durante o 94º Enic | Engenharia & Negócios.

Para Ronaldo Cury, vice-presidente do Sinduscon-SP, o investimento na formação e na especialização do trabalhador faz parte do caminho para conseguir uma indústria desenvolvida e crescente. “Os materiais progrediram, os equipamentos melhoraram, o trabalhador da construção civil também precisa se desenvolver. Como as coisas estão evoluindo, cada vez mais o trabalhador vai precisar de uma qualificação maior. Os serviços estão cada vez mais especializados, seja na pintura, marcenaria, estrutura. Cada dia que passa isso muda ainda mais”, afirmou.

Durante o painel, os especialistas apontaram alguns caminhos para melhorar a qualificação da mão de obra da construção. A primeira e, talvez a mais importante, ressaltaram, é investir na elevação da escolaridade do trabalhador. “Nós temos uma situação no DF, por exemplo, onde quase metade dos trabalhadores não têm o ensino fundamental completo. A gente aprende tudo na prática e não tem um trajeto de formação que faça com que o trabalhador tenha sua qualificação, sua especialização”, disse Raimundo Salvador, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Brasília (STICOMBE).

Outra solução indicada seria investir em cursos menores e que possam acontecer dentro do canteiro de obras, além de formar multiplicadores que já façam parte da força de trabalho. Para Cury, as empresas devem se envolver e investir na especialização dos seus trabalhadores. “Empresários busquem parcerias de qualificação de funcionários e empreiteiros, em todos os níveis, da formação de escolaridade até de especialização”, sugeriu.

Segundo Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai-DN, a indústria da construção recebe mais de 250 mil novos trabalhadores por ano. Uma das grandes dificuldades destes trabalhadores é o índice de empregabilidade, que é menor do que em outros setores. “A indústria da construção tem uma dificuldade maior de achar vagas. Como podemos avançar nisso? Criamos o programa Emprega Mais, onde empresários podem contratar e entrar em contato com alunos matriculados dentro das nossas escolas e cursos”, apontou.

O 94º Enic é realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com a correalização do Sesi, Senai e patrocínio do Sebrae, Confea, Mútua, AltoQI, SoftwareONE, CV, Sienge e Caixa Econômica Federal.