Robôs-Pedreiros: Uma Realidade



A construção civil tem experimentado uma evolução lenta na produtividade, principalmente  nos canteiros de obras, onde ainda é possível ver a adoção recorrente de tecnologias artesanais. Mas, ao olharmos para fora do Brasil, a indisponibilidade e o custo alto da mão-de-obra em alguns países desenvolvidos, constatamos que algo até a pouco tempo impensável como a utilização de robôs nos canteiros de obras, vem ganhando força.

Segundo a Mordor Intelligence, o mercado de robôs de construção estava avaliado em US$ 44,63 milhões em 2020 e deverá atingir US$ 95,10 milhões até 2026. O uso de robôs na Ásia-Pacífico e Oceania crescem a passos largos, mas, os Estados Unidos ainda tem a maior participação no mercado. Apenas como exemplo nos Estados Unidos, de acordo com um relatório da Associated General Contractors of America, 81% das empresas de construção têm problemas para preencher cargos assalariados e de mão de obra; e 72% antecipam que a escassez de mão de obra será o maior obstáculo nos próximos anos.

Brokk, Husqvarna, Construction Robotics e FastBrick Robotics, são algumas das principais empresas que operam no mercado de robôs de construção ao redor do mundo. O uso da automação e da robótica possibilitam tornar os canteiros de obras mais seguros, eficientes e permitem medições mais precisas.

Os robôs de demolição já possuem uso recorrente até pelos riscos que envolvem este processo. Mas, existem outros usos possíveis, como os braços mecânicos autônomos que já são muito utilizados no setor industrial e que agora vem chegando aos canteiros de obras. Uma das empresas fabricantes é a novaiorquina Construction Robotics. Ela desenvolveu um "robô-pedreiro" de assentamento de blocos chamado SAM (Semi-Automatic Mason) e o MULE (Material Unit Lift Enhancer) outra máquina que é capaz de levantar objetos de mais de 61 kgs. 

Tanto o SAM como o MULE não substituem os humanos – ambas as máquinas precisam de assistência humana para trabalhar – mas os robôs aumentam a produtividade do trabalhador e reduzem a fadiga dos pedreiros. 

Importante ressaltar que o SAM já foi utilizado em dezenas de obras. E, segundo o fabricante o aumento é da ordem de 3 a 5 vezes da produtividade global, bem como um incremento significativo da consistência produtiva e diminuição dos custos associados à execução do trabalho. 

O equipamento funciona em integração com um sistema de controle, planejamento e gestão que possibilita, por exemplo a coleta de dados de produção com o objetivo de otimizar o desenvolvimento da obra e a previsão de futuros trabalhos. O SAM possibilita a adaptação ao uso de blocos com qualquer geometria e também a aplicação de diferentes tipos de argamassa.

Nos vídeos abaixo vocês podem ver o SAM e um comparativo de produtividade do MULE com o convencional.



A robótica e a automação estão dando os primeiros passos na construção civil. Mas, é importante estar atento aos movimentos nos países desenvolvidos. A tecnologia está aí para ajudar!

Veja mais:

Hadrian X
Sarcos Robotics lança exoesqueleto para a indústria da construção


Sobre o autor:

Edvaldo Corrêa é Graduado em Tecnologia da Construção Civil pela UTFPR, Licenciado em Educação Profissional pela UFPR, Pós-graduado em Gestão de Escolas Técnicas pela UFSC; Técnico em Gestão de Negócios Imobiliários pelo IBREP e Técnico em Edificações pela UTFPR. Atua no mercado desde 1990, tendo trabalhado em grandes empresas como SENAI, SEBRAE, IVAI, PINI, Grupo Noster, Pioneira da Costa e Tecverde, em cargos técnicos e executivos. Em paralelo, profere, há anos, palestras sobre temas relacionados a indústria imobiliária em sindicatos, associações, conselhos regionais, empresas privadas, congressos, fóruns setoriais e universidades. Também escreve como convidado para revistas e portais como Imóvel Magazine, Invest USA 360, Destaque Imobiliário, Imóveis News e Instituto IBEI. Junto com Daniel Rosenthal é curador e organizador do Digital Real Estate Brazil.

Veja o perfil completo no Linkedin.