Mercado Imobiliário no Brasil: enfim, a Retomada?

Depois de vivenciarmos uma época de ouro no início dos anos 2000 onde havia crédito imobiliário abundante, capital disponível, estabilidade econômica e grande perspectiva de crescimento do país, a indústria imobiliária passou por uma crise sem precedentes nos últimos anos. Com o mercado estagnado, muitas empresas fecharam ou tiveram que se reestruturar. As construtoras e incorporadoras que sobreviveram repensaram seus negócios, reduziram a produção e ficaram somente com a gestão de seus estoques, com raros lançamentos.

Por sua vez, sabe-se da existência da demanda por habitação no país. Estudos da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontam que o déficit habitacional hoje é de pelo menos 7,8 milhões de domicílios. E, que o mercado imobiliário é cíclico (expansão, excesso, recessão e recuperação). Estamos finalizando mais um ciclo. Mais recentemente vários estudos setoriais já apontam para este ponto de inflexão. Como exemplo, cito a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), que relata que o mercado imobiliário brasileiro fechou o ano de 2018 com 19,2 % de aumento nas vendas, com forte potencial de crescimento em 2019 para imóveis de médio e alto padrão, principalmente em virtude de aumento nos recursos da poupança (SBPE) para financiamento. Também os estudos da ABECIP (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) apontam que depois de três anos seguidos houve aumento nos preços, com base no IGMR-I (índice geral de preços imobiliários medido em dez capitais). Outros estudos similares regionais amplamente divulgados na mídia também comprovam este retrato, com raras e pontuais exceções.

Percebe-se também um aumento da confiança dos empresários do setor, conforme estudo de janeiro deste ano da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Desde 2014, o índice de janeiro quanto a intenção de investimentos não era tão elevado. Muito em virtude da taxa de juros SELIC baixa (6,50% a.a.), inflação controlada, possibilidades de abertura de financiamentos a produção e para clientes finais, ambiente mais seguro juridicamente (leis da multipropriedade e dos distratos recentemente publicadas) e produtos cada vez mais adequados às demandas da sociedade. E a crença de que barreiras como a elevada carga tributária e excesso de burocracia, por exemplo, serão superadas com o novo Governo. Tudo isto são elementos importantes para acreditarmos em uma melhora.

Para quem investe em imóveis são poucas as dúvidas, pois, as construtoras e incorporadoras ainda não estão alocando estas diferenças de custos nas suas tabelas de preços. Entretanto, espera-se que com a redução dos estoques e aumento das vendas, os preços devam subir, pois, se iniciam novos ciclos de desenvolvimento de produtos imobiliários. Agora é um ótimo momento para fazer negócios pensando no lado do consumidor. Ainda, de uma forma geral a margem líquida da locação continua sendo igual ou superior as aplicações financeiras típicas e sem o investidor correr o risco de entrar em investimentos ainda não regulamentados ou até mesmo duvidosos. Destaque para investimentos em projetos inovadores (condohotéis, coliving, microapartamentos e outros) e terrenos.

Obra TECVERDE


Para as empresas, além da velha e boa gestão empresarial, a hora é de reforçar elementos de inteligência, estudar e compreender melhor estes diversos modelos de negócios disruptivos que estão surgindo na indústria imobiliária; seja para implantar em seu negócio ou mesmo repensar a sua atuação. Finalmente, entender melhor este “novo consumidor”, mais informado, preparado e conectado. Contratar empresas especializadas para auxiliar no posicionamento estratégico e no desenvolvimento dos estudos técnicos e comerciais deixou de ser uma opção para ser uma obrigação.

Quanto a retomada, é possível afirmar que estamos iniciando um novo ciclo. Mas, não é possível apontar a velocidade. Ainda existem questões inerentes ao cenário econômico e político mundial, em constante ebulição, que poderiam impactar nos negócios do setor. E, também de ordem política e econômica locais. Uma aprovação da reforma da previdência e maior alocação de recursos para financiamento habitacional, por exemplo, colocariam esta recuperação em um outro patamar. Momentos como este são inspiradores e desafiadores! Agora é arregaçar as mangas, tirar os projetos da gaveta e trabalhar ainda mais!